sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

História do MLT


 
O movimento social no Brasil nos anos recentes (década de 1990), presenciou uma ofensiva neoliberal sem tamanho, haja vista, o processo de criminalização dos movimentos sociais imposta por Fernando Henrique Cardoso nos oito anos de seu governo. Neste período, a reforma agrária foi tratada como caso de polícia. Os movimentos sociais como MST e MLT entre outros que lutam por uma reforma agrária ampla e antilatifundiária foram perseguidos e desmoralizados diante a opinião publica, para tanto, nos noticiários da grande mídia, a imparcialidade das informações era muito comum (até hoje). Os trabalhadores rurais sem terra  neste período e nos dias atuais não são diferentes, sofrem e são estigmatizados de arruaceiros e vagabundos, tudo isso para diminuir o foco da discussão, que é sobre concentração de terras no Brasil.

 O avanço do capitalismo no Brasil gera profundas contradições sociais. Nossas riquezas naturais, minerais são exploradas há mais de 500 anos por gananciosos colonizadores, donos de engenhos, grileiros, latifundiários, empresários nacionais e estrangeiros. No campo a concentração fundiária provoca a expulsão do homem da terra, enquanto isso milhões de brasileiros ainda passam fome acampados as margens de rodovias, país adentro.
    A violência e o trabalho escravo ameaçam a consolidação da democracia. Em pleno século XXI, a grilagem ainda campeia, principalmente na região norte do país centenas de trabalhadores e lideres sindicais e políticos ainda são assassinados de forma brutal, e tudo isso acaba sendo uma situação “normal” e poucos ousam a contestar, pois os mandantes ocupam ou controlam mais de 150 das 500 vagas no congresso nacional.
Por outro lado o projeto da classe trabalhadora se torna uma necessidade inevitável, através da organização das massas no campo e na cidade, comconsciência de classe, visando a construção da nova sociedade.

    Compreendendo essa necessidade transformadora surge no ano de 1993, no seio dos camponeses, o MOVIMENTO DE LUTA PELA TERRA, com ocupações das fazendas: Bela Vista e Santa Maria, áreas improdutivas localizadas no município de Ilhéus-Ba. Uma organização de massas de caráter classista, que visa conquista da terra, a construção de uma sociedade mais justa e acima de tudo, busca a transformação do camponês como sujeito da história.
    O MLT compreende que a luta pela reforma agrária não é exclusividade  sua, portanto, desenvolve parcerias com outros segmentos da sociedade, tais como o Movimento Sindical de Trabalhadores Rurais - MSTR, Sindicatos Urbanos, Universidades, ONGs, etc, no sentido de melhorar a qualidade de vida no campo.
Após 17 anos de lutas, o MLT cresce se organiza e, se expande para outros estados e neste ano realiza seu 5º congresso onde se espera tirar diretrizes relativas à educação no campo, meio ambiente, organização da produção, segurança alimentar, entre outros. Este é um momento importante na história da humanidade, onde transformações importantes se avizinham, neste sentido, conclamamos a classe trabalhadora do campo e da cidade a serem protagonistas nestas transformações.
A historia da divisão de terras brasileiras, confunde-se com a própria historia do país. Com o objetivo expansionista em busca de riquezas minerais no ano de 1500, e após a frustração de não encontrar metais preciosos, o Reino de Portugal vê a nossa terra como único bem de valor (...). O cenário fundiário atual brasileiro, de certa forma, reproduz o antigo. Ainda somos impedidos de trabalhar a terra. Continua a concentração nas mãos de uns poucos latifundiários, alguns investem na exportação de matérias – primas (agronegócios), outros na pecuária, e outros tantos nada produzem, apenas especulam (...). Mais de quinhentos anos se passaram e a concentração nas mãos de poucos continua ou pior, percebe-se isso não por meios de dados ou pesquisas, basta enxergar a crescente revolta que nasce na sociedade através dos movimentos sociais de cunho agrário.(Fonte: Jornal MLT Nº 05 ANO 2).
A história da reforma agrária, no Brasil, é uma história de oportunidades perdidas. Ainda colônia de Portugal, o Brasil não teve os movimentos sociais que, no século 18, democratizaram o acesso à propriedade da terra e mudaram a face da Europa. No século 19, o fantasma que rondou a Europa e contribuiu para acelerar os avanços sociais não cruzou o Oceano Atlântico, para assombrar o Brasil e sua injusta concentração de terras. E, ao contrário dos Estados Unidos que, no período da ocupação dos territórios do nordeste e do centro-oeste, resolveram o problema do acesso à terra, a ocupação brasileira - que ainda está longe de se completar - continuou seguindo o velho modelo do latifúndio, sob o domínio da mesma velha oligarquia rural.
Uma nova conjuntura se desenhou com a vitória de Luiz Inicio Lula da Silva em 2002, o movimento social, mesmo que timidamente tem dado vazão aos seus reclames. A agricultura familiar comparativamente ao período FHC avançou, nas palavras do Delegado do MDA na Bahia, Lourival  Soares Gusmão, “a partir de 2003, ano de inicio do primeiro mandato do presidente Lula, a agricultura familiar brasileira toma corpo e dá uma arrancada, pautada nos famosos” gritos da terra “, e inaugurou um processo continuo e consistente de avanços nas construções de políticas de crescimento e inclusão, materializando desta forma o que hoje se revela nos dados apresentados no censo agropecuário 2006”.
No Estado da Bahia, elegemos em 2006 um governo mais compromissado com os anseios do povo de nosso estado. Há canais de participação dentro do atual governo, porém as medidas governamentais ainda estão abaixo  do esperado. O Governo Jaques Wagner veio para fazer as mudanças que a maioria baina queria e, por isso, conduzimos ao Governo do Estado. Os agricultores e agricultoras familiares correspondem a aproximadamente a 4 milhões de habitantes, acreditaram e lutaram para que na Bahia se implantasse um jeito novo de governar, com intenso e permanente diálogo com a sociedade, além do compromisso com os segmentos mais esquecidos pelos governos anteriores.(Carta da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária. 17 de Dezembro de 2008).

No âmbito desta conjuntura, a Bahia em 2006, conseguiu afastar do poder uma força política que historicamente já se achava donos da maquina administrativa de nosso Estado. A derrota do carlismo significou a renovação da esperança do povo baiano que conviveu por muito tempo com a intempérie do autoritarismo, arrogância e da prepotência dos mandatários de um estado opressor. Diante disto, compreende-se que a derrota do projeto político do governo Lula  e Jaques Wagner é o retrocesso para o Brasil, pois significará a volta dos órfãos da ditadura, das privatizações e da política externa anti-soberana.
Na Bahia, o governo Jaques Wagner, tem conseguido significados avanços, tendo em vista, o desmonte do aparelho estatal patrocinado por sucessivos governos carlista. Hoje o povo baiano tem a possibilidade de discutir  política sem o medo de outrora. Mas só isso, não basta, é preciso maior investimento na agricultura familiar e o processo de Reforma Agrária no Estado continua lento, sem maior  avanços significativos.


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